Eu lembro de acordar às 6 da manhã ouvindo o “noticiário” por conta do banho matinal dele.
Eu lembro do café da manhã à mesa com todos reunidos e aqueles tradicionais ovos mexidos, ao som dos passarinhos (e eram muitos e incansáveis).
Eu lembro da caminhada na praça até chegar à loteria, só pra dar um passeio matinal.
Eu lembro de ir “trabalhar” no escritório dele, apesar do medo de estragar alguma coisa e ele brigar comigo.
Eu lembro dos banhos de piscina antes do almoço e ouvir “Maria, traz meu tira-gosto” (mesmo quando o nome delas não era Maria, na verdade nunca era) Sem falar que hoje eu entendo: a Ypioca realmente é boa.
Eu lembro de sentar à mesa e esperar que ele fosse servido primeiro, para que depois pudéssemos todos atacar.
Eu lembro do silêncio que a casa ficava depois do almoço para que ele tirasse seu cochilo sem que ninguém atrapalhasse, de quebra eu dormia junto.
Eu lembro das tardes regadas a uma bacia de pipoca (a mais gostosa que já comi) só para assistirmos ao pica-pau.
Eu lembro dos finais de tarde na calçada adivinhando os números dos ônibus que vinham passando na rua. (talvez por isso eu chorei assistindo Up Altas Aventuras, eles faziam isso)
Lamento muito que o “Bobilino” que escolhi pra vida toda não teve o prazer de conhecê-lo, sentar e bater um papo com ele na calçada.
E eu achava que quando ficasse adulta seria a minha vez de aprender a jogar gamão (infelizmente não deu tempo).
Eu lembro do jantar, a canja mais gostosa do mundo e que só minha avó sabe fazer, mas para ele vinha primeiro a coalhada.
E depois, antes mesmo da existência do Windows, eu aprendi a jogar paciência, apesar de não ter a mesma paciência que ele pra jogar horas a fio.
E ao deitar, antes do dormir, a rede mais gostosa de todas era a dele. E cabia a todos nós.
São sete anos de saudades, mas de uma lembrança constante. Em muitos momentos dos meus dias eu penso nele e na sorte que eu tive por ter tido um avô tão maravilhoso. Sinto sua falta, sempre.
Te amo seu Ilo.